quinta-feira, 23 de maio de 2013

Adaptações Fisiológicas da Gestação


Olá pessoal,
Nos últimos post do tópico de Obstetrícia vimos a Fisiologia da mulher, onde aprendemos o que acontece quando a mulher não está grávida (menstruação), até o momento em que ela engravida (fecundação), e o acontece internamente no organismo materno e fetal após a fecundação. Hoje iremos falar sobre as modificações que ocorre no corpo da mulher durante a gestação!! Vamos lá??

                                            ESTOU GRÁVIDA!!

 

É claro que a gravidez é um momento muito importante na vida de uma mulher, é único, porém apesar de natural e normal, também pode se tornar uma fase muito tensa, pois é vivida de maneira diferente por cada mulher, já que esta  passa por mudanças anatômicas, fisiológicas e bioquímicas; ou seja, acontecem mudanças no organismo por dentro e no corpo por fora. Essas alterações variam, dependendo do momento da gestação e do organismo da gestante, essas mudanças geram medo, ansiedade, dúvidas, e posteriormente além desses sintomas ainda há o estresse e o cansaço físico...Ufa! Quanta coisa pra uma mulher só hein!!! Mas calma mães, toda essa ansiedade e estresse podem ser atenuados com informações, quando conhecemos o que é esperado para a gestação e o que fazer em cada caso, o medo tende a diminuir, e é sobre isso que vamos tratar nesta e  nas próximas postagens, por isso acompanhem  tudo bem de pertinho, esperamos ajudar às mamães de plantão e aos acadêmicos e profissionais  da área de saúde!!!
 
DIAGNÓSTICO
 
O diagnostico pode ser realizado através dos sinais e sintomas que a mulher apresenta, como enjôo, vômito, aumento da frequência urinária, sonolência, aumento das mamas, e outros, porém o sinal principal é a ausência da menstruação (amenorreia), sendo confirmado através do teste sanguíneo (BHCG) ou de urina (Teste de farmácia).

O exame é feito para detectar a presença do HCG no sangue ou na urina.
 
A gonadotrofina coriônica humana (HCG), o hormônio da gravidez, é produzida logo após a fecundação e implantação do embrião no útero, aumentando seus níveis a cada 48 horas, entre a 8ª e 11ª semana de gestação ela alcança seu pico, tem a função de manter o corpo lúteo (secreta progesterona e estrogênio), mantendo assim os níveis de progesterona e estrogênio, hormônios necessário para a manutenção da gravidez. Por volta da 15º semana de gestação a HCG começa a diminuir, nesse período a placenta esta madura e passa a produzir progesterona e estrogênio por conta própria. Esse hormônio também é responsável pela maioria dos sintomas iniciais da gravidez.
 




Apesar de ser o mais utilizado pelas mulheres, o teste de farmácia não é tão confiável, pois a concentração do HCG na urina é menor do que no sangue, porém quando positivo é praticamente certo que a mulher esteja grávida, mas quando negativo, ainda se tem uma possibilidade de gravidez, por isso é bom esperar alguns dias para ser feito, alguns estudos dizem que duas semanas após o atraso menstrual é o ideal.
 

 O exame de sangue, o Beta HCG, é capaz de detectar a gonadotrofina coriônica humana após o sexto dia da fecundação, beta é o receptor do hormônio HCG, é usado para identificar a presença desse hormônio na corrente sanguínea, que é identificado através do exame. Quando negativo, significa que não foi encontrado BHCG no sangue e a mulher não está grávida.


 

Nas primeiras semanas de gestação a mulher é invadida por vários hormônios (HCG, progesterona, estrogênio, relaxina, melanocíto, prolactina...), onde estes são responsáveis pelas modificações que ocorrem em seu corpo e pelos sintomas que surgem durante esse período. Vamos entender por que acontecem essas modificações:
 
CLOASMAS
A hipercromia gravídica, conhecida como cloasmas, são manchas escuras que podem surgir no rosto (testa e maçãs do rosto) da grávida, estas aparecem por conta do aumento da produção do hormônio melanocíto ( produz melanina, pigmento natural que dar cor a pele e aos cabelos), que acontece por conta da gravidez. Essas manchas geralmente aparecem em mulheres que levam muito sol, por isso é importante o uso do protetor solar, pois qualquer radiação solar que a gestante levar estará favorecendo o surgimento dessas manchas. Elas geralmente somem após o parto, porém em algumas mulheres demoram a sumir, mas não se preocupem, existem tratamentos dermatológicos que acelera o seu desaparecimento, com isso em caso de aparecimento de cloasmas procure o médico dermatologista e inicie seu tratamento.
 
 
LINHA NIGRA
O surgimento da linha nigra ou linha negra, também se dar por conta do aumento da produção de melanina, é o escurecimento da linha média do abdômen, ela geralmente aparece no segundo trimestre de gestação e desaparece com o tempo, após o nascimento do bebê. Outras áreas do corpo podem também ficar escurecidas como axilas, mamilo e períneo, e também voltam a sua coloração normal após o parto.
ACNE
Em algumas gestantes ocorrem o aparecimento de espinhas (acne), isso acontece por conta do aumento da produção das glândulas sebáceas (produz um sebo que tem a função de impedir que a pele fique seca), fazendo com que a pele fique mais oleosa, isso favorece o surgimento de espinhas.
 
 
MAMAS
Nas primeiras semanas, as mamas ficam mais volumosas e sensíveis, isso acontece por conta de um hormônio chamando prolactina (estimula a produção de leite pelas glândulas mamárias). A medida que as mamas vão aumentando de volume, tornam-se mais visíveis finas veias subcutâneas (Rede venosa de haller). As aréolas (região que circunda o bico do peito) ficam maiores, mais escurecidas e surge uma coloração secundária, de cor mais clara, ao seu redor, que recebe o nome de dupla aréola (sinal de Hunter), o escurecimento se dar por conta do aumento da produção de melanina.  Ao redor dos mamilos surgem umas pequenas elevações (parecidas com pequenos caroços), os Tubérculos de Montgomery, esses “caroços” aparecem por conta das glândulas sebáceas que ficam mais dilatadas, é um fenômeno natural e que não podem ser espremidos como se fossem cravos. Isso acontece por volta da 8ª a 12ª semana de gestação. O aparecimento do leite acontece no terceiro a quarto dia após o parto.
 
 

ÚTERO
Na mulher grávida o útero passa de 70g para 1100 g em média,devido a estiramentos musculares, essa transformação acontece para que este possa abrigar o feto. A hipertrofia do útero ocorre por estímulos dos hormônios estrogênio e progesterona, e está associada ainda à posição da placenta. No início, a parede uterina é mais espessa, posteriormente, torna-se mais fina, dando a possibilidade de palpar o feto através da parede abdominal.
 
ESTRIAS
As estrias estão relacionadas ao aumento do peso e também por predisposição genética. São cicatrizes que geralmente aparecem na região abdominal e mamas, pelo rompimento das fibras de elastina e de colágeno, surge por volta do sexto mês e pode vir associado a coceira. Na maioria das mulheres elas não desaparecem, mas calma mamães, assim como na dermatologia há tratamento nos casos de cloasmas, neste caso também há tratamento, onde o profissional a ser procurado será o fisioterapeuta dermato-funcional, que possui tratamentos específicos, melhorando assim a aparência das estrias. O uso de hidratantes e óleos, ao contrario do que muitos pensam, apenas alivia a tensão da pele esticada, não faz com que as estrias desapareçam, só previne que outras surjam.
 
VARIZES
Varizes são veias dilatadas e deformadas que podem causar dor e inchaço,elas surgem devido um afrouxamento nas válvulas das veias, dificultando o retorno venoso. Na gestação elas aparecem porque o crescimento do feto causa compressão nas veias da região do  abdômen, além disso uma maior quantidade de sangue circulando no corpo, aumento de peso e de hormônios, causa uma dilatação no vasos da perna gerando varizes ou piorando as que surgiram anteriormente. Logo, é fundamental que a grávida evite ficar longos períodos em pé ou sem se movimentar; cuide do peso corporal; não fume; pratique atividade física moderada e ainda quando possível, eleve os pés para facilitar o retorno venoso.
 
EDEMA
Durante a gestação o sistema cardiovascular passa por muitas mudanças, o que  vai resultar no inchaço que as grávidas apresentam nesse período. Isso acontece porque o volume de sangue aumenta, assim como a concentração de estrogênios e a produção de prolactina, gerando uma maior retenção de sódio e água, repercutindo assim no débito cardíaco e na vasodilatação periférica. Para alívio desse inchaço, é essencial que a grávida ingira bastante líquido e que procure um fisioterapeuta para realização da drenagem linfática, além claro, de adotar uma atividade física moderada.
 
SISTEMA URINÁRIO
Na gestação, o tamanho e o peso dos rins aumenta. A bexiga vai sendo elevada e pressionada pelo útero a medida que os meses vão avançando, com isso a pressão dentro do abdômen também aumenta, causando vontade frequente de urinar e até incontinência urinária, que é a perda de urina, podendo ainda está associada à fraqueza da musculatura pélvica.
 
SISTEMA INTESTINAL
É muito comum as grávidas se queixarem de prisão de ventre e intestino lento, isso acontece devido a compressão que o intestino sofre devido o aumento do feto ao longo da gestação, diminuindo dessa forma as suas contrações para um bom funcionamento, ficando mais lento, e esse sintoma tende a aumentar com o passar dos meses. Por isso, é muito importante a ingesta de líquidos; uma boa alimentação, rica principalmente em fibras; e ainda a prática de atividade física moderada como caminhada ou hidroginástica.
 
PESO CORPORAL
Engordar na gravidez é uma das principais preocupações das mães, mas esse processo deve ser encarado de forma natural, pois esse aumento de peso é absolutamente esperado e necessário para um bom desenvolvimento do bebê, porém deve haver um cuidado e equilíbrio quanto a isso, pois apesar desse aumento variar de mulher para mulher, espera-se que a grávida aumente entre 10 e 15 kg. O ideal é que se saiba o IMC mulher antes de engravidar, para se ter uma base de quanto ela pode engordar na gestação.
  • IMC inicial inferior a 18,5 - aumento de peso ideal de 13 kg a 18 kg;
  • IMC inicial de 18,5 a 25 – aumento de peso ideal de 11 kg a 16 kg;
  • IMC inicial de 25 a 30 – aumento de peso ideal de 7 kg a 11 kg;
  • IMC inicial superior a 30 – aumento de peso ideal de 5 kg a 9 kg.
E mais uma vez a velha dica de sempre, equilibrar alimentação e  exercício físico moderado durante a gestação, e nunca esquecer da hidratação!!!
 
Como vimos, após o parto, algumas dessas alterações tendem a desaparecer, mas podem levar um tempo, como voltar ao peso normal, melhora na aparência das estrias, entre outras, mas com muita disciplina e com  a ajuda de um profissional de fisioterapia esse retorno pode ser mais rápido e eficaz,  nós estamos dotados de recursos e técnicas para tratar alguns desses incômodos ou consequências deixadas no corpo da mulher após a gestação, então se você está passando esse período de maternidade, curta sua gestação e procure sempre se informar para evitar estresse e ansiedade, e é claro, conte conosco, a fisioterapia está a seu dispor!!
Até a próxima!!

REFERÊNCIAS
Baracho, Elza; Fisioterapia aplicada à saúde da mulher, 5ª ed- Rio de Janeiro; Guanabara Koogan, 2012
 

 

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